quarta-feira, 30 de junho de 2010

Sarah Jessica Parker: não era bela o bastante

Sarah Jessica Parker: "Os produtores diziam que eu não era bela o bastante para ser a protagonista", diz sobre o início da carreira

Os acertos e os tombos — sempre em grande estilo — de Sarah Jessica Parker, a Carrie Bradshaw de "Sex and the City", são acompanhados por fãs mundo inteiro. Ainda assim, ela afirma não se enxergar nesse personagem. Encarna com prazer o papel de mãe que trabalha, cuida dos filhos, James Wilkie, 7, e as gêmeas Tabitha e Marion, de 1, e do marido, Matthew Broderick

Lá se vão 12 anos desde que, com seus cachos dourados e saia de tule, Carrie Bradshaw tornou-se ao mesmo tempo a mulher que todas aspirávamos ser e com quem nos identificávamos. A protagonista de Sex and the city tinha uma vida independente, recheada de momentos divertidos com as amigas e repleta de altos e baixos — como a nossa. Vivia embalada em vestidos ousados e sapatos das grifes que a gente cobiça, a passear por lugares da moda em Nova York, a cidade que adoramos mesmo sem conhecer. Foi lá, naquele 1998, quando as torres gêmeas ainda estavam em pé, que Sarah Jessica Parker, de até então apagada carreira cinematográfica e televisiva, transformou-se na mulher que queríamos seguir — o que fazemos até hoje, como se vê pelo sucesso do segundo filme baseado no seriado, Sex and the city 2.

Editora Globo

Não há passo de SJP que não seja acompanhado e comentado ao redor do mundo. E isso a deixa meio incomodada, sim. “Sempre me preocupo com que tudo esteja certo”, diz. A atriz conta que jamais lê os comentários sobre as roupas escolhidas para pré-estreias e eventos afins. Não quer dizer que não se importe, apenas evita aborrecimentos. “Não leio blogs, não fico navegando na internet, não me procuro no Google. Nunca fiz e nunca vou fazer”, diz. “É impossível me vestir para agradar a todos.” Ela obviamente sabe que Sex and the city e Carrie Bradshaw são lançadoras de tendências. “Nas primeiras temporadas, não entendíamos o impacto que a moda teria no seriado. Quando descobrimos, adoramos o desafio. Foi muito divertido usar as roupas, os saltos e aquelas bolsas”, afirma. Sarah Jessica falou há pouco tempo que hoje é capaz de correr uma maratona de salto alto. E dá para acreditar mesmo. Sua figura diminuta — 1,60 metro, magrinha — equilibra-se com habilidade nos modelos mais extravagantes. Frio, não deve sentir. Ou melhor, como ela é gente de carne e osso, deve sublimar em nome de estar bem para si mesma e para os fãs. É capaz de comparecer a uma pré-estreia em pleno inverno, com a temperatura perto de 5 0C, usando apenas um minivestido tomara que caia, sem casaco. Mas, indagada se acha que é um ícone da moda, ela normalmente torce a boca, de maneira simpática (uma de suas manias), e diz: “Não é como me vejo. Adoro roupas bonitas e tenho o privilégio de ter acesso a muitas delas... Mas são devolvidas no dia seguinte. Elas não são minhas. Sou uma mãe que trabalha”. SJP jura que não faz compras e prefere gastar esse tempo com os filhos. Mas adora guardar os figurinos dos filmes que faz. “É como um arquivo, um armazém.”

Nem pensa em roupas de grife para levar James Wilkie, 7, à escola, ou para dar comida para as gêmeas Tabitha Hodge e Marion Loretta Elwell, 1. “Na hora em que meu filho está pronto, eu só tenho tempo de pegar alguma coisa prática e correr porta afora. Eu também tenho duas filhas que usam fraldas, babam e cospem. Você não quer usar uma roupa de grife nessa situação. Apenas veste o que é apropriado para ser uma mãe”, diz. Mesmo quando vai sair com o marido, Matthew Broderick, a atriz afirma que leva apenas 20 minutos para se arrumar. Está aí uma coisa que a maior parte das mulheres pode até admirar, mas com a qual dificilmente consegue se identificar.

Sarah Jessica é uma mãe que faz. Claro que tem ajuda, mas coloca a mão na massa, sim. “Eu preparo a comida dos meus filhos. Vou ao mercado, lavo minhas roupas”, afirma. Ela só lamenta o fato de ter passado quase dois meses sem ver as gêmeas recém-nascidas, por conta das filmagens de Sex and the city 2 no Marrocos. “Me arrependi muito. Só via as meninas pelo Skype. Meu filho foi me visitar, mas as bebês eram muito pequenas e não tinham tomado suas vacinas ainda”, diz. Logo em seguida, no entanto, faz uma espécie de retratação e minimiza seu sacrifício. “Milhões de mães que trabalham têm rotinas muito mais difíceis, e suas recompensas nem chegam perto das que eu tenho.”

As meninas, como todo o mundo a essa altura sabe, nasceram graças a uma barriga de aluguel. Quando ela anunciou a maneira como suas filhas iam nascer, teve gente que acreditou na história de que SJP não queria perder a forma física perfeita. Nada disso, segundo ela. “Eu tentei, tentei e tentei engravidar, mas não era para ser”, diz a atriz. “Tenho sete irmãos, sempre quis uma família grande. Fomos atrás de adoção e da barriga de aluguel, e foi essa última que apareceu primeiro.” Segundo ela, as gêmeas Tabitha e Marion não poderiam ser mais diferentes. “Uma sempre está olhando em volta, atenta. A outra é séria e distraída”, diz. De jeito nenhum ela se arrepende de ter aumentado a família, apesar das dificuldades de equilibrar crianças e marido com a carreira — além de atuar, ela dá nome a perfumes, tem uma grife e agora está trabalhando uma linha da marca Halston Heritage. “Me sinto muito abençoada”, afirma. “Mas não sei ainda como vou me sair ao tentar dar conta de tantas tarefas.” Para ela, o nascimento de seu primeiro filho fortaleceu seu casamento, que já dura 18 anos. “Ter um filho deixa o casamento mais romântico. Pelo menos foi o que aconteceu comigo. Você tem essa novidade maravilhosa em comum, que ama separada e conjuntamente de uma maneira nova.” Em sua cerimônia de casamento, aliás, afirma ter cometido o maior pecado fashion de sua vida. “Vesti preto e, se tivesse a chance de fazer de novo, colocaria um lindo e apropriado vestido branco.” Normalmente, a atriz evita falar do relacionamento. “Muita gente já especula sobre ele”, diz. Mas, logo depois, não se intimida ao tentar decifrar o porquê do sucesso da união. “Tomamos decisões em nossa vida que nos protegem do deslumbramento e permitem que o relacionamento seja real. Nosso casamento é incrível, horrível, bom, mau, decepcionante, emocionante, todas as coisas que um casamento verdadeiro é e todas as coisas que fazem dele um bom casamento.”

“Os produtores diziam que eu não era bela o bastante”

Como Matthew Broderick também é ator, entende totalmente que sua mulher esteja cercada de atenção — e de homens bonitos. Mas tornar-se um símbolo sexual não estava exatamente nos planos. Sarah Jessica Parker lembra-se de quando era escalada apenas para fazer a amiga da protagonista. “Os produtores diziam que eu não era bela o bastante para ser protagonista”, diz. “Sentir-se confiante tem muito a ver com como as pessoas perceberão você. Eu sou grata porque a indústria do entretenimento ampliou o que é definido como belo.” Ela reforça: não dá para se basear no que os outros pensam de você. “Se tenho mais confiança ocasionalmente, é porque estou mais velha. E estou nesse negócio há muito tempo, a maior parte da minha vida”, diz. A atriz começou a carreira quando tinha 10 anos — aos 12, era protagonista do musical Annie, aos 17, fazia o seriado "Square pegs". Antes de "Sex and the city", ela tinha aparecido em filmes como "L.A. Story" e "Ed Wood". Mas foi mesmo o seriado que a alçou ao status de estrela, ícone fashion, modelo para mulheres de todo o mundo. A atriz acha bem fácil explicar o sucesso da série. “Ela via o sexo do ponto de vista das mulheres. Mas o sexo era um dos ingredientes. O mais importante eram as amizades e a intimidade entre Carrie e suas amigas, e isso continua nos filmes”, diz. Sempre grata pelo que o seriado trouxe para sua carreira e vida, ela adoraria fazer o terceiro longa-metragem — ainda não confirmado, mas bastante provável e com grandes chances de ser rodado em Londres. “Vamos ver o que o futuro reserva. Eu amo fazer filmes, e sempre estou procurando personagens que sejam tão complicadas, verdadeiras e interessantes quanto as de Sex and the city. E elas não são fáceis de encontrar. Até agora, sempre fui feliz interpretando Carrie.” Enquanto o novo filme dirigido por Michael Patrick King não chega, Sarah Jessica exercita seu lado produtora com o reality show Work of art, em que os participantes precisam mostrar suas habilidades na pintura, na escultura, na fotografia. Quando indagada se acredita que vai estar atuando daqui a 20 anos, demonstra insegurança. “Nunca tenho certeza disso. Sempre acho que as pessoas vão se cansar de mim e tudo irá embora amanhã, que foi tudo um momento de sorte”, diz. Ela não deveria se preocupar. Se depender de seus seguidores, esse momento de sorte, que já dura tanto tempo, há de se prolongar por muitos anos.

sábado, 3 de maio de 2008

Aventuras em familia.


COM O MEU TIO JUNIOR NUMA PRAÇA DA MINHA CIDADE.